nada tralalá

Depressão é uma coisa tão filhadaputa que oferece uma quantidade enorme de expressões, inclusive surpresas que se sentem como quedas quase livres, uma montanha-russa do mal.  Aliás sempre sonho que estou em uma montanha russa ou na fila de algum outro brinquedo desses que dá uma sensação bizarra na barriga, e de repente começa a me dar desespero e querer desistir de entrar; às vezes consigo, às vezes não, e a volta no brinquedo se torna uma coisa quase insuportável para quem tem sonhos tão intensos como é meu caso. Depressão, mesmo alheia, consegue ser isso quando se está acordada. Mas felizmente, hoje, o desespero ainda não bateu e ainda tenho a esperança de conseguir me divertir um pouco, mesmo com a sensação bizarra na barriga.

Hoje abriu. Abriu um pedaço da carapaça, armadura. Não sei se é sensibilidade ao creme que comecei a passar no rosto para ver se ele derrete mais devagar , mas a verdade é que eu lacrimejei muito hoje. E essas lágrimas que estavam escorrendo superficialmente começaram a ter motivos para aparecer. E aí abriu a represa, lágrimas correndo perfeitas, dignas de novela mexicana. Muitas.   Não foi ruim, era necessário. Foi como ligar um sistema autolimpante. "Desobstruir dutos lacrimais" - com voz de robô. Espero que eu me sinta mais leve no final.

Por causa da Argentina, em si? Não, mas porque essa foi última vez que a minha vida foi normal. Viajei. Não existia covid. Minha mãe estava bem. Eu tinha planos e um rosto menos cansado.  Minha vida era tão normal que passei malzaço antes, durante e depois da viagem - um clássico na minha vida, sempre uma sabotagenzinha que impede de aproveitar as coisas com plenitude, sempre uma merda no caminho. Ai que saudades.

era coisa do Playcenter. Mas foi a primeira expressão que veio. Sei que soa um pouco desrespeitoso, mas é estranho estar novamente na minha antiga casa, sozinha no cômodo que um dia foi meu quarto, nesse apartamento muito grande para uma pessoa, na madrugada. E quando está frio essa sensação de estranheza aumenta. E quando minha mãe fala alto durante o sono, eu gelo. Eu tenho medo de entender o que ela diz e sentir mais medo. Tenho medo de sentir pena também. Esses dias falaram que ela disse estar conversando com a minha tia. Mas como costumam me falar coisas pela metade, ela pode ter dito que estava sonhando. Enquanto escrevia ouvi um som angustiante, não pude deixar de ir vê-la. Fiquei ouvindo ela falando baixinho, de olhos fechados. Dormindo ela sempre parece em sofrimento. Coloquei a mão levemente em seu braço direito e ela acordou num pulo, assustada, de olhos arregalados. Te ouvi falando, será que era sonho? Tá tudo bem? Quer água? Que pé gelado! Te amo, dorme bem. Quando não é a...

É uma fala maravilhosa do filme Labirinto de 1986. Nada? Nada? Nada tralalá? Fala sério, bom demais!

Seco no sol é meu modo de viver e agora eu quero transformar tudo em seco no sol. Tá rolando um show, tá falando muito antes de cada música? Já penso: seco no sol. Só toca. Prometeu um assunto num vídeo e a porra tem 10 minutos de duração? Seco no sol. Fala teu nome, explica em linhas gerais e vai pro assunto prometido. 3 minutos resolve. Contando uma história e adicionando detalhes inúteis? Seco no sol, goza logo essa história. Já deu pra captar, né? Um seco no sol mental pra esse post.

 Olá. Tentativa 1 de retorno à internet que um dia amei. Baixei o soulseek, winamp, skins, marco minhas músicas na last.fm É isso. É um começo, uma tentativa de usar a internet e ela me usar menos.