era coisa do Playcenter. Mas foi a primeira expressão que veio. Sei que soa um pouco desrespeitoso, mas é estranho estar novamente na minha antiga casa, sozinha no cômodo que um dia foi meu quarto, nesse apartamento muito grande para uma pessoa, na madrugada. E quando está frio essa sensação de estranheza aumenta. E quando minha mãe fala alto durante o sono, eu gelo. Eu tenho medo de entender o que ela diz e sentir mais medo. Tenho medo de sentir pena também. Esses dias falaram que ela disse estar conversando com a minha tia. Mas como costumam me falar coisas pela metade, ela pode ter dito que estava sonhando.
Enquanto escrevia ouvi um som angustiante, não pude deixar de ir vê-la. Fiquei ouvindo ela falando baixinho, de olhos fechados. Dormindo ela sempre parece em sofrimento. Coloquei a mão levemente em seu braço direito e ela acordou num pulo, assustada, de olhos arregalados. Te ouvi falando, será que era sonho? Tá tudo bem? Quer água? Que pé gelado! Te amo, dorme bem.
Quando não é assim, é a ansiedade, chamando de 5 em 5 minutos, perguntando as horas ou algo aleatório. Às vezes eu vou deitar pra tentar interromper esse processo. E às vezes é pior, porque estou com sono e acabo dormindo, e ser acordada tantas vezes vai fazendo o incômodo se infiltrar em mim até virar impaciência. Que ela não merece.
Essa é uma das poucas coisas que não é e nunca será seco no sol. É algo que queima como lava, afoga como água, sufoca e pesa como terra, como a Terra. (Cuidado com o José Serra.)
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